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Angelis Soistake rememora a jornada de seu irmão contra o câncer de pele mais perigoso.

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Angelis Soistak sentiu indiretamente o melanoma na pele, ao acompanhar a jornada do seu irmão, Igor Silvestre Soistak,  contra o câncer de pele mais perigoso. Aqui ela rememora sua experiência. 

“Quando alguém de sua família descobre o melanoma, todos sentem na pele, não apenas o paciente.

Foi em 2017, durante a festa junina do meu afilhado, que notei a falta do meu irmão, sempre presente nessas ocasiões. Questionei sua ausência e soube que ele tinha feito uma  cirurgia para retirar uma pinta. Nada grave, somente estético, segundo minha cunhada. Mas ele tinha preferido ficar em casa para garantir a boa recuperação.

 Eu ainda não sabia que ali começava a minha jornada com o câncer de pele mais perigoso – a dele já havia começado há algum tempo. Ele não havia retirado uma pinta por motivos estéticos, mas sim feito uma cirurgia de melanoma com ampliação de margens. Ele preferiu guardar para si a informação. Revelou alguns meses depois, quando veio o resultado de um exame com 80% de chances de cura. “Com Deus, 80% é 100%” era a mensagem no status de whatsapp dele e de minha cunhada. Estávamos livres do câncer de pele mais perigoso!  E assim permanecemos, durante cerca de um ano e meio.

Retorno

Em janeiro de 2019, meu irmão notou um caroço na perna. Fez exames e mais exames. Rezamos para que as palavras “melanoma” e “metástase” não aparecessem. Rezamos para que ele estivesse apenas doente, e que não fosse o retorno do câncer.

No dia 2 de março de 2019, no aniversário de 8 anos de meu sobrinho e afilhado, tínhamos os resultados em mãos. Era o melanoma. Era metástase.

Seguimos com mais exames. Um deles, o PET-CT, apresentou, segundo meu irmão, um resultado “melhor que o esperado”, mostrando apenas alguns nódulos no pulmão.

Menos de um mês depois, após muita pressão da empresa em que meu irmão trabalhava, o plano de saúde liberou o tratamento com imunoterapia. Felizmente podíamos aproveitar a promissora terapia a que tantos não têm acesso. A cada três semanas, lá ia meu irmão receber o medicamento. Tinha 38 anos, dois filhos de 4 e 8 anos, era um excelente esposo, pai, filho, padrinho, irmão, funcionário. Acredito que não houve quem não se sensibilizasse com a situação.

Nos primeiros dois meses, aparentemente estava tudo bem, dentro das possibilidades. Sabíamos que não haveria cura, mas faríamos qualquer coisa para mantê-lo por perto o máximo de tempo possível.

No entanto, doença progrediu rapidamente. Algumas pessoas ofereceram opções alternativas de tratamento. Medicamentos fitoterápicos, que ele negou, e muitas orações, as quais ele, como bom católico praticante, sempre aceitou. Eu mesma o vi orando diversas vezes ao final das missas, em frente à imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de quem era devoto. Não sei o que ele dizia ou o que pedia, mas a cena sempre me emocionava. Fizemos novenas, preces. Ele foi a missas, cultos de cura. As orações eram diárias e constantes.

Entretanto, em junho de 2019, o quadro tinha piorado, com novas metástases. A terapia-alvo não era uma possibilidade, infelizmente. Meu irmão lamentava-se por estar dando prejuízo ao plano de saúde com um tratamento que custava mais de R$100 mil.

Deespedida

Nos últimos dias daquele mês de 2019, ele parou de trabalhar e internou-se pela primeira vez, já bastante debilitado. Havia momentos em que estava aéreo, mas nos reconhecia. Nos momentos de consciência, apertava nossas mãos, nos abraçava como podia. Se despediu de cada um de um jeito especial e emocionante. Em julho, após mais uma festa junina, levei seus filhos para vê-lo. Seguiram-se dois dias de UTI, em coma.

Não havia mais tratamento. Mas também não havia mais dor. Seu corpo jovem lutou ainda nesses dias para manter-se vivo. Foram os dias em que nós pudemos nos despedir. Ele já havia feito isso, deixando tudo encaminhado para o momento em que partisse, tendo inclusive comprado um cachorro para fazer companhia à sua família.” 

Quando, em 8 de julho de 2019, ele finalmente descansou dessa breve e intensa jornada. A tristeza e a saudade são grandes. Mas ficarão para sempre seus ensinamentos, as lembranças dos bons momentos e da sua força frente a tudo o que passou. Tenho muito orgulho do meu irmão. Espero que a história dele ajude a conscientizar sobre o melanoma.”

 

 

 

 

 

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