Não é só o paciente que sente na pele o melanoma. A médica Camilla Oliari conta como a história de sua avó, Dona Yvone, paciente de melanoma metastático, modificou sua vida e suas escolhas.

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Como sempre falamos aqui, não é apenas o paciente que sente o melanoma na pele. Aos 9 anos, Camilla Oliari viveu a difícil experiência de perder sua avó, Yvone, que teve um melanoma metastático  diagnosticado tarde demais. Hoje médica dermatologista, ela conta como esse acontecimento modificou sua vida e sua trajetória profissional. Veja abaixo o seu relato:

“Quando nasci, meus pais eram muito novos, ambos estavam na faculdade e minha avó se aposentou para poder cuidar de mim. Desde sempre fui muito apegada a ela, moramos por quase três anos em sua casa e eu convivia com ela diariamente. Vovó sempre foi jovem, ativa, animada, gostava de agradar a todos e não media esforços para isso.

Não sei ao certo quando todo o pesadelo começou! Talvez nem ela. Apesar de toda sua energia, dona Yvone era obesa e diabética. Sempre orientada por familiares e médicos a se cuidar, ela tinha um pouco de vergonha e muito medo, pois sabia o que podia acontecer com quem tinha essas doenças.

Quando apareceu uma ferida no calcanhar, logo associou à diabetes e, assustada, seguiu conselhos e orientações de amigos, vizinhos, farmacêuticos, antes de procurar ajuda. A ferida foi crescendo e piorando até que não dava mais para esconder. Foi aí que procurou médicos e recebeu o diagnóstico de melanoma.

Foi tudo muito rápido, ou não. Honestamente não conseguimos dizer quando a lesão foi notada, quanto tempo demorou, só sei que já era tarde demais. O melanoma havia invadido outros órgãos e lá em 2000 não havia muito o que pudesse ser feito.

Caminhos

Anos depois me tornei médica e, posteriormente, dermatologista. Quando entrei na faculdade, tinha certeza que seguiria a área de pesquisa em oncologia clínica. Caloura, jovem, inocente, cheia de sonhos, achava que ia descobrir a cura do câncer. Os anos foram passando e eu fui me encantando pela Dermatologia.

Hoje não sou pesquisadora, nem oncologista, mas toda vez que examino um paciente, não importa a queixa, é sempre da cabeça aos pés, sempre procurando, sempre buscando a prevenção ou diagnóstico precoce.

Confesso que não consigo afirmar se minhas escolhas foram conscientes, mas cada câncer da pele diagnosticado e tratado me faz lembrar dela. Cada melanoma que passou pelas minhas mãos, com desfechos favoráveis ou não me remete a sua memória e me faz pensar no ‘e se?’. E se tivéssemos visto antes? E se fosse nos dias atuais? Nunca saberemos, mas me conforta saber que estou de alguma forma ajudando outras pessoas e seus familiares a não passarem pelo sofrimento que passamos.

Vovó Yvone foi a minha maior perda. E ainda é a minha maior saudade.”

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