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Eu Senti na Pele – Valéria Candal

Valéria Candal sentiu uma de suas vistas embaçar e achou que poderia ser apenas uma gripe. Como o incomodo não passava, foi investigar e descobriu o melanoma ocular de coróide. A advogada, de 41 anos, nos conta todo o processo, desde a descoberta até o tratamento que segue fazendo.

Melanoma Brasil: Como você descobriu que estava com melanoma ocular?

Valéria Candal: Certo dia eu estava trabalhando e meu olho esquerdo começou a embasar do nada. Isso foi em agosto de 2019. A princípio achei que estava ficando gripada, pois, tenho diabetes e faço exames oculares anualmente, como o Fundo de Olho, e nunca foi diagnosticada nenhuma anormalidade. Mas o incômodo não passava e com o decorrer dos dias foi piorando. Foi quando eu passei em consulta com um oftalmologista, que disse que deveria ser um edema macular diabético e me pediu que fizesse uma angiografia (método de realização de um exame radiográfico dos vasos sanguíneos).

Melanoma Brasil: Com os exames em mãos, quais foram os próximos passos?

Valéria Candal: Fiz os exames e minha oftalmologista me encaminhou para o retinologista, médico especializado em retina. Ele viu os exames e disse que não era um edema provocado pelo diabetes, mas sim um tumor e novamente fui encaminhada para outro médico, desta vez para um oncologista oftalmológico. Já fui apavorada para a consulta. Chegando lá, o médico realizou os exames na própria clínica e já me passou o resultado de melanoma ocular de coróide peripapilar.

Melanoma Brasil: Você já tinha conhecimento da doença? Como foi receber o diagnóstico?

Valéria Candal: Eu fiquei apavorada. Já tinha ouvido falar em melanoma, mas desconhecia o melanoma ocular. Perguntei sobre tratamento e o médico foi bastante objetivo dizendo que no meu Estado, o Rio Grande do Sul, o único tratamento seria enucleação, remoção do globo ocular. Ele me apresentou como alternativa a braquiterapia, realizada somente em São Paulo. Me pediu novos exames, para descartar a possibilidade de metástases, e me encaminhou para o Hospital A.C. Camargo, em São Paulo.

Melanoma Brasil: Você foi para São Paulo? Todo o tratamento foi feito via convênio ou Sistema Único de Saúde (SUS)?

Valéria Candal: Agendei a consulta e fui para São Paulo. Como não tenho convênio médico, toda essa parte do tratamento foi feito de forma particular. Passei pela consulta, a médica oncologista me tranquilizou que o tamanho do meu melanoma era de 9,5 milímetros, um tamanho que permite a realização da braquiterapia ocular, procedimento que consiste em utilizar placas que fazem a liberação radiativa e localizada na região afetada. Fiz esse tratamento em janeiro deste ano, passei seis dias internada, tempo de duração do processo, que demandou duas cirurgias com anestesista geral, uma para colocação da placa e outra para remoção.

Melanoma Brasil: E o custo de um tratamento deste é muito alto?

Valéria Candal: Sim. Para arcar com os custos das viagens a São Paulo e do tratamento de braquiterapia ocular, meu marido teve a ideia de realizarmos uma “vaquinha virtual”. Iniciamos a ação em setembro e em janeiro conseguimos arrecadar R$ 28 mil reais, com a ajuda dos nossos familiares e amigos que se engajaram e ajudaram a compartilhar minha causa com o maior número de pessoas.

Melanoma Brasil: Como você respondeu ao tratamento?

Valéria Candal: Hoje, passados três meses do tratamento, estou reagindo muito bem. O tumor já diminui 10% e a previsão é de que diminua ainda mais. A pigmentação do tumor também diminuiu, o que é algo positivo. Continuo com os acompanhamentos médicos, em Porto Alegre e São Paulo, a cada dois meses, em busca da cura.

Melanoma Brasil: Você teve algum efeito colateral com o tratamento?

Valéria Candal: Graças a Deus não tive nada. Somente uma leve dor de cabeça, mas que com analgésicos passava. Mas o tratamento pode trazer com o tempo algumas outras complicações, como por exemplo glaucoma ou cataratas.

Melanoma Brasil: O que te ajudou a se manter firme durante todo esse processo?

Valéria Candal: No primeiro momento, eu e meu marido desabamos, ficamos apavorados. Mas eu tive muito apoio da família e dos amigos. Meu marido foi e está sendo sensacional, me dando apoio e carinho neste momento díficil. Sou espírita e me apoiei muito na religião, que me trouxe entendimento e aceitação. Ainda tenho altos e baixos, mas a fé é tudo e acredito que isso é só uma fase, que está passando. Quero aproveitar o que aconteceu comigo e ajudar outras pessoas. Tive muito apoio dos grupos, Melanoma de Coróide: Conte Sua História e do Instituto Melanoma Brasil, e quero retribuir com o meu conhecimento, com minha solidariedade.

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