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Entrevista – Dr Elimar Gomes e Dr Marcelo Sato

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Uma pesquisa global feita pela Global Coalition of Melanoma Patient Advocacy com 700 dermatologistas mostrou que, em 2020, 21% dos melanomas – ou seja, um em cada cinco tumores – não foram diagnosticados devido à Covid-19. O levantamento mostrou também que 33,6% das consultas foram adiadas no período. Conversamos com os médicos Dr. Elimar Gomes, dermatologista e coordenador do Grupo de Dermatologistas do Centro Oncológico da Beneficência Portuguesa de São Paulo e membro do Conselho Consultivo do Instituto Melanoma Brasil, e Dr. Marcelo Sato, Dermatologista do Centro de Oncologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo e do Grupo de Mapeamento Corporal e Dermatoscopia Digital do Grupo Fleury, sobre o momento que vivemos, a importância de se obedecer às medidas de distanciamento social impostas pela pandemia de Covid-19 e sobre o fato de que o diagnóstico do câncer não pode esperar. Acompanhe:

 

Melanoma Brasil – Diante de uma pandemia como a do novo coronavírus, muitos pacientes isolados em suas casas deixaram de fazer suas consultas e exames periódicos. Isso pode resultar em diagnósticos tardios?

Marcelo Sato: Infelizmente, sim. Com o início da pandemia no ano passado, vimos o número de consultas oncológicas cair drasticamente. Durante o período de janeiro a setembro, observamos uma queda de 48% em relação ao mesmo período no ano anterior segundo dados do Sistema Único de Saúde. Essa queda foi vista tanto nas primeiras consultas quanto nas de seguimento oncológico. Como o câncer de pele não tende a causar sintomas nos estágios iniciais, os pacientes adiam a primeira avaliação, esperando por um momento em que se sintam mais seguros para sair de casa. O mesmo acontece com os pacientes que estão em seguimento após um primeiro câncer de pele. Apesar de tratadas, essas pessoas têm, além do risco de recorrência, maior chance de ter um segundo câncer de pele em comparação à população geral. Nesse sentido, as consultas médicas periódicas com exame dermatológico são essenciais para o diagnóstico precoce, principalmente, nos primeiros anos que sucedem o início do tratamento. Assim, podemos esperar um maior número casos diagnosticados em estágios mais avançados da doença em médio e longo prazo.

Melanoma Brasil – Qual o impacto deste comportamento no aumento de novos casos de câncer de pele melanoma?
Elimar Gomes: Em um curto prazo, podemos observar uma diminuição no número de diagnósticos, uma vez que os pacientes deixam de frequentar os serviços de saúde. Em médio e longo prazo, esperamos um aumento no número de casos, principalmente daqueles em estágios mais avançados da doença. Vale lembrar que o diagnóstico precoce está intimamente relacionado com o melhor prognóstico. Apesar dos avanços vistos na terapia do melanoma nos últimos anos, os índices de cura e sobrevida nos estágios iniciais são muito superiores.

Melanoma Brasil – O que mudou no atendimento dos pacientes com câncer melanoma onde o senhor trabalha?
Marcelo Sato: Depois do início da pandemia, o atendimento ao paciente oncológico teve que ser reestruturado. O desafio foi manter o cuidado e o seguimento clínico sem expor o paciente a potências efeitos negativos da infecção por COVID-19. As mudanças incluíram diminuição do fluxo de pessoas no hospital com a realização de consultas virtuais e reuniões clínicas on-line, a criação de postos de checagem de sinais vitais na entrada do hospital e de fluxos especiais para casos suspeitos, a obrigatoriedade de coleta de PCR para COVID-19 para os pacientes de cirurgias eletivas com setores exclusivos para internação cirúrgica. Toda a estrutura hospitalar teve que ser reformulada para oferecer o melhor atendimento e no momento adequado.

Melanoma Brasil – Durante os períodos mais críticos da pandemia, o câncer de pele perdeu prioridade no atendimento dos hospitais?

Marcelo Sato: A pandemia de Covid-19 exigiu uma reestruturação dos serviços de saúde. Nos primeiros meses da pandemia, a pressão sobre vagas em leitos hospitalares e em UTIs exigiu uma redistribuição dos profissionais de saúde e equipamento médico. Houve uma grande redução no número de atendimentos e de procedimentos eletivos. No entanto, a preocupação com a progressão do câncer e seus efeitos na sobrevida dos pacientes trazem um caráter de urgência para o suporte oncológico. Dessa maneira, protocolos de tratamento tiveram que ser repensados, mas sempre com um senso de prioridade. Atualmente, com o melhor entendimento da doença, buscamos dar um apoio contínuo para os nossos pacientes.

Melanoma Brasil – Os pacientes estão cientes dos riscos? Quais as principais dúvidas?

Elimar Gomes: Acreditamos que a principal dúvida é se podemos adiar a avaliação de uma lesão suspeita para depois da pandemia. A resposta é não. Ainda não temos uma perspectiva de quando será o fim da pandemia e todos os subtipos de câncer de pele tem melhor prognóstico quando tratados nas fases iniciais. Assim, o diagnóstico precoce é o fator fundamental para um tratamento com menor morbidade, menor número de procedimento, menor índice de recidivas e, o que é mais importante, maior sobrevida. Nesse contexto, surge a dúvida de qual lesão deve motivar a consulta médica. Quaisquer lesões ou de surgimento recente que estejam crescendo muito rápido, tenham irregularidades de forma e de cor ou antigas que estejam mudando são lesões suspeitas. Lembramos a regra do ABCDE que ajuda na avaliação clínica: A – assimetria, B – bordas irregulares, C – cores diferentes, D – diâmetro maior que 4mm, E – evolução (mudança da lesão). As feridas que não cicatrizam também devem chamar a atenção. Essas lesões devem ser avaliadas em consulta médica por um dermatologista. Para os pacientes que já apresentam o diagnóstico de câncer e estão em tratamento, o planejamento é individual. A regra é que nenhum tratamento, seja quimioterapia, radioterapia ou cirurgia, deve ser interrompido por conta própria. Toda decisão deve ser feita em conjunto com a equipe médica. Em algumas situações, as consultas e exames poderão ser espaçados assim como os intervalos entre os ciclos. O isolamento social é muito importante nesse momento em que estamos vivendo, mas o paciente deve entender que não está sozinho em seu tratamento.

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