ASCO traz estudos promissores para melanoma

O ASCO é um dos congressos de oncologia clínica mais relevantes do mundo, que tradicionalmente traz estudos promissores para melanoma. Rodrigo Munhoz, oncologista clínico e integrante do Conselho Consultivo do Instituto Melanoma Brasil, participou do evento promovido pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica, que este ano pela primeira vez foi realizado virtualmente, por causa da pandemia do COVID-19. Ele conta um pouco sobre os estudos mais relevantes apresentados, que podem representar grandes avanços no tratamento do melanoma.

Primeiramente, duas atualizações importantes são no campo dos tratamentos adjuvantes – aqueles administrados após um tratamento considerado definitivo, em geral cirúrgico ou, mais raramente, radioterápico.

No estudo COMBI-AD, pacientes com melanoma locorregional e mutação do gene BRAF tratados com cirurgia receberam a combinação de dabrafenibe e tratmetinibe no contexto adjuvante. O uso da terapia-alvo resultou em um ganho muito significativo com relação ao placebo, após seguimento longo de cinco anos. “Muito provavelmente estas prevenções de recidiva vão se converter em prevenção de mortes por melanoma, ressaltando os bons resultados da terapia-alvo nesse contexto”, afirma Munhoz.

Estudos promissores para melanoma

Um estudo na mesma linha foi o estudo KEYNOTE-054, que avaliou o uso preventivo do imunoterápico pembrolizumabe por 1 ano após retirada cirúrgica do melanoma envolvendo linfonodos, em comparação ao placebo. A atualização desse estudo, com três anos de acompanhamento, demonstrou menor número de recidivas dentre os pacientes que receberam o pembrolizumabe “Os resultados reforçam que a imunoterapia traz um benefício grande em relação à prevenção de volta do melanoma.”

Além disso, houve  mais dois estudos promissores para melanoma avançado. Nesses estudos, o imunoterápico ipilimumabe foi usado juntamente com um anti-PD1 (nivolumabe ou pembrolizumab), após falhar a um anti-PD-1. “Ou seja, o paciente usou imunoterapia antes, na forma de anti-PD1 sozinho. Na progressão,  a combinação teve taxas de resposta ao redor de 30% em terapia de segunda linha, ou seja, o tratamento feito aos pacientes que apresentam recidiva. Assim, o estudo mostra que talvez a combinação seja uma estratégia para resgate destes pacientes”, explica Dr. Rodrigo.

Houve ainda outro estudo que mostra os avanços da imunoterapia no tratamento do câncer foi uma atualização de um protocolo utilizando terapia celular com linfócito tumoral infiltrante, ou seja, células imunológicas que atacam diretamente o tumor, isoladas diretamente de uma amostra do tumor. “Em pacientes com doença avançada em que houvessem falhado outras opções, foi extraído o tumor e a partir dele, foram selecionadas as células de defesa que já estavam combatendo o tumor, infiltrando-o. Em paralelo, o paciente fez uma quimioterapia para ‘desligar’ o próprio sistema imunológico. Aí estas células imunológicas isoladas fora do corpo foram infundidas e estimuladas através do uso de uma substância inflamatória, a interleucina. A taxa de resposta foi de 35% em paciente previamente tratados”, comenta Munhoz.

Nova possibilidade

Por fim, entre os destaques, um estudo avaliou a combinação da imunoterapia com uma droga-alvo, o axitinibe, no melanoma de mucosa. Esse é um tipo raro de melanoma que não nasce na pele. “Este estudo evidenciou o potencial para combinação de terapia-alvo com imunoterapia no melanoma de mucosa. Trata-se de uma terapia-alvo diferente dos inibidores do B-RAF, por atuar essencialmente em vias relacionadas à proliferação vascular (angiogênese)”, explica Munhoz. Apesar de ser um estudo pequeno, com um número limitado de pacientes, a taxas de resposta foi superior a 40%, o que é um número muito promissor para o melanoma de mucosa.

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